Por que ter uma startup – ou várias?

Startup, palavrinha da moda. Às vezes parece que todo mundo quer ter uma. Alguns abrem um negócio qualquer e dizem que agora têm uma startup. 

Para responder à pergunta “por que virar uma startup?”, preciso primeiro esclarecer do que estou falando.

O QUE É UMA STARTUP?

O termo é aplicado por especialistas a novas empresas com grande potencial de crescimento rápido, com foco em inovação e tecnologia. Nubank, Uber, iFood, Airbnb são alguns exemplos.

A tecnologia da informação e a internet permitem hoje repensar uma série de serviços tradicionais, recriando-os de uma forma que o custo marginal é praticamente zero e a conveniência para o cliente é incomparável.

Mais do que tecnologia, porém, o foco em inovação é o que faz a diferença. E é o motivo por que sua empresa deve virar uma startup – ou várias.

O JOGO DA INOVAÇÃO

O jogo da inovação, quando bem jogado, aumenta muito as suas chances de topar com a próxima big ideia, que, se bem implementada, pode levar o seu negócio a se tornar uma estrela da bolsa de valores.

Como se chega a uma ideia dessas? Tendo muitas novas ideias, pois a maioria delas não funcionará do jeito que você imaginou.

É da natureza do trabalho criativo e da pesquisa científica encher a lixeira com ideias e fórmulas abandonadas. Elas são experimentos ou ensaios que lhe permitem chegar mais perto da solução ideal, que funciona e dá grandes retornos.

Por isso, no caso das startups, o ciclo de vida delas é bastante acidentado. Depois de um lampejo inicial que empolga, geralmente nos deparamos com muitas dificuldades e falhas ao longo do desenvolvimento e da implementação da ideia. O gráfico abaixo descreve a trajetória.

Esse é um percurso bem conhecido por cientistas também. Um biomédico ou farmacêutico, por exemplo, começa a pesquisar um medicamento novo e revolucionário pensando em muitas possibilidades, que são testadas com rigor até que uma delas (ou alguma outra que surja pelo meio caminho, o que é muito comum) seja aprovada com louvor e chegue ao mercado.

O mesmo acontece com designers, publicitários e artistas, cujo trabalho consiste em lançar produtos, obras e campanhas originais. Como o cientista, todos eles trabalham para fazer algo que nunca foi feito antes. Atuam sob incerteza portanto. E com a incerteza.

Não se encontra o tesouro em terreno conhecido, mas no desconhecido. Como explorar tal terreno? Obviamente, há poucos terrenos inexplorados hoje em dia e geralmente há um mapa que lhe ajuda a ganhar tempo. Mas note, você está em busca do que não está no mapa. Então precisará vasculhar a parte desconhecida da ilha do tesouro.

É uma aventura e, como em toda aventura, você precisa tomar precauções. O risco que lhe dá uma chance de enriquecer é o mesmo que pode lhe matar.

POR QUE TER VÁRIAS STARTUPS?

Em outro artigo, eu sugeri que, se você tiver uma boa ideia, deve ficar paranoico. Referia-me à necessidade de gerenciar o risco da inovação de uma maneira a aumentar suas chances de sucesso.

Uma das medidas que sugeri foi a de diversificar os seus investimentos em inovação. Não ter apenas uma, mas várias startups.  

A mortalidade de startups é alta e não vai baixar tanto, por mais cuidados que tenhamos com elas. Quando observamos a natureza da inovação, fica claro porque isso acontece: a lata de lixo do sujeito criativo está sempre cheia de ideias abandonadas, experimentos que ele fez em busca da melhor ideia ou solução.

Para o ecossistema de startups, a morte é algo necessário e natural, assim como acontece no imenso laboratório da natureza, que está sempre experimentando pequenos ajustes e melhorias no DNA das espécies por meio de mutações genéticas. 

Muitas dessas mutações não dão certo e são descartadas, mas o DNA que sobrevive e é passado adiante carrega com ele a fórmula de uma espécie evoluída, mais bem adaptada ao habitat, que está sempre mudando.

O gráfico a seguir ilustra o processo, aplicando-o aos investimentos em inovação. Após uma série de tentativas e erros, com pequenas perdas limitadas, a coisa começa a funcionar, mas não da maneira como geralmente pensamos no início. Aprendemos com os erros, acumulando informações a cada experimento, e fomos pivotando até chegar a um negócio estupendo, com potencial para se tornar um unicórnio ou quase isso.

Um número crescente de grandes empresas e conglomerados está atuando agora como a natureza, investindo em várias startups ao mesmo tempo, algumas delas lançadas por seus próprios funcionários. 

Muitas não darão certo e vão acabar na lata de lixo, mas, se uma delas chegar ao final da corrida, será capaz de pagar toda a conta, gerando lucros excepcionais.

Como sobreviver até que isso aconteça? A resposta se aplica tanto ao caso da grande empresa quanto ao de pequenos empresários e novos empreendedores. 

ORGANIZANDO O JOGO DA INOVAÇÃO

O princípio é simples, deveria ser de fácil implementação, mas exige grande disciplina: não gaste tanto com inovação.

Como a maioria das suas ideias inovadoras vão acabar na lata de lixo, ponha um limite às suas perdas de tempo e de dinheiro.

Antes de iniciar uma longa jornada para colocar um novo produto incrível no mercado, questione-se: como posso testá-lo logo para ter mais certeza de que pode dar certo? 

Se você já ouviu falar de MVP (Minimum Product Viable), sabe do que estou falando. Se não, procure estudar o conceito ou peça a nossa ajuda.

Muitas vezes a ideia de um novo produto pode ser testada no papel ou em simulações com protótipos simples. Uma boa metodologia a ser usada aqui é o Sprint, abordagem criada pelo pessoal do Google para conceber, desenvolver e testar novos produtos em 5 dias.

A propósito, o desenvolvimento ágil de protótipos e produtos está se tornando cada vez mais fácil com o avanço do no-code, abordagem que permite desenvolver aplicativos e sistemas sem que você precise saber programar. Experimente, por exemplo, usar o Honeycode, da Amazon, ou o Bubble (aplicativos) e Webflow (criação de sites). 

Mas veja bem, não vá gastar todo o seu tempo com experimentos que podem acabar na lata do lixo. Dedique, digamos, 20% da sua agenda para melhorar o que lhe dá dinheiro hoje e 10% para reinventar o futuro do seu setor. 

Esses números não são meus. São da Coca-Cola, que aplica a regra 70/20/10 ao gerenciamento de inovações na área de comunicação – 70% do tempo é para tocar a operação que dá dinheiro hoje, executando rotinas com o máximo de eficiência e de qualidade.

O problema de alguns empreendedores e empresas estagnadas é não terem disciplina para dedicar 10% do seu tempo para inventar um outro futuro.

Mas tenho encontrado também muitas pessoas ingênuas que, empolgadas com uma ideia genial, apostando tudo nela, até o que não têm.

Não preciso dizer que você deve evitar esses extremos se quiser ter um dia uma startup de sucesso, não é mesmo? 

Se você precisa de um parceiro para jogar o jogo da inovação, conte conosco para assessorá-lo nessa jornada! Acesse Quero inovar para saber como.

Por Héber Sales, Diretor Executivo da Inova Unipool.

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